No capítulo
I – Caráter da Revelação Espírita do livro A Gênese, o último livro do Pentateuco
Espírita (as cinco obras básicas do Espiritismo), Allan Kardec sintetiza a evolução
espiritual da humanidade em três grandes fases ou revelações, as quais aqui resumiremos:
1. PRIMEIRA REVELAÇÃO: O DEUS ÚNICO, revelado
por Moisés;
2. SEGUNDA REVELAÇÃO: O DEUS AMOR, revelado
pelo Cristo; e
3. TERCEIRA REVELAÇÃO: DEUS E OS ESPÍRITOS, revelado
por Allan Kardec.
Cada uma dessas
etapas foram gigantescos esforços de elevação espiritual do homem e precisaram
contar com servidores das mais elevadas esferas para serem realizadas.
Nesse contexto
estudaremos João Batista, ser muito pouco comentado mesmo nas lides espíritas cuja
importância para a espiritualidade da humanidade ainda precisamos muito refletir.
Começaremos com
a afirmação do próprio Cristo (grifos nossos):
“[...] Com
toda a certeza vos afirmo: Entre os nascidos de mulher não se levantou ninguém
maior do que João, o Batista [...]” – Jesus – Mateus 11:11
Essa declaração
do Senhor, em si, traz profundas reflexões.
Mesmo antes da época
do Cristo, o povo judeu já possuía o seu panteão de grandes personagens do
Antigo Testamento como Abraão, Moisés, Noé, Davi, Isaías, Daniel e muitos
outros, mas Jesus deixou claro que nenhum deles foi maior que João Batista!
Todavia, os
religiosos do novo testamento, em geral, não lhe prestam o devido destaque como
o próprio Cristo lhe deu e, neste estudo, compreenderemos o porquê disso,
prossigamos entendendo quem foi João Batista.
João Batista
foi o único ser, além do próprio Cristo, que teve a sua vinda profetizada no
Antigo Testamento e cujo nascimento foi anunciado pelo Arcanjo Gabriel,
dentre outros fatos impressionantes que citaremos com mais detalhes ao longo
desse trabalho.
Primeiramente,
precisamos relembrar/recapitular que João Batista foi a reencarnação de
Elias, fato esse declarado mais de uma vez na escritura sagrada como
veremos.
Caso haja maiores
dúvidas sobre a reencarnação e a Bíblia, sugerimos que vejam o nosso post POR
QUE NÃO HÁ REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA?
Libertos da
ignorância da vida material única – absurdo qualificado diante da Justiça e do
Amor Divinos, acompanharemos a saga desse espírito ao longo das Três Grandes
Revelações explicadas pela Doutrina Espírita, para aquilatarmos a sua importância
para a evolução da humanidade.
1. JOÃO BATISTA
E A PRIMEIRA REVELAÇÃO: O DEUS ÚNICO
Como Elias,
João Batista foi um dos maiores profetas do Antigo Testamento.
Ser
extraordinário a serviço da Primeira Revelação, Elias viveu no tempo de Acab,
rei de Israel (873—854 a.C.) e seu sucessor Ocozias. Foi um dos maiores
defensores do Deus Único de Israel, combatendo tenazmente a proliferação do
paganismo entre os judeus, em particular o culto ao deus fenício Baal.
Fato muito
pouco comentado entre a cristandade, Elias realizou milagres impressionantes
como ressuscitar mortos, fazer descer o fogo do céu, correr à frente do
carro do rei por 25 km, abrir uma passagem através do Jordão (1 Reis 17 a 21; 2 Reis 1 e 2), dentre muitos
outros. Com esses milagres, Elias convenceu Israel que Javé (Deus) era o Verdadeiro
e Único Deus.
Ao fim da sua
missão na Terra, as escrituras registram que Elias foi arrebatado da terra por
um turbilhão de vento (2 Reis 2:1).
Após o seu
desencarne, sua volta foi profetizada pelos grandes profetas do Antigo
Testamento Isaías e Malaquias sendo o único ser, além do próprio Cristo, que
recebeu essa anunciação profética:
“Uma voz clama
no deserto: ‘preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto
para o nosso Deus.’” – Isaías
40:3 (Ano 700 A.C.)
“Eu sou a voz
do que clama no deserto: ‘Fazei um caminho reto para o Senhor’, como disse o
profeta Isaías”. – João Batista – Evangelho de João 1:23.
"Vejam,
eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor.” –
Malaquias 4:5 (Ano 420 A.C.)
Assim, entre os
judeus, não se esperava apenas o Messias profetizado principalmente por Isaías,
mas também por aquele que viria antes, “preparar o caminho do Senhor” (Isaías 40:3).
2. JOÃO
BATISTA E A SEGUNDA REVELAÇÃO: O DEUS AMOR
Elias, reencarnado
agora como João Batista e primo do Cristo, foi o único além de Jesus a ter o
seu nascimento anunciado pelo Anjo Gabriel nos evangelhos, como já comentamos (destaques
nossos):
Mas o anjo lhe
disse: "Não tenha medo, Zacarias; sua oração foi ouvida. Isabel, sua mulher,
dará a você um filho, e você lhe dará o nome de JOÃO. [...] pois será
grande aos olhos do Senhor. [...] E irá adiante do Senhor, no espírito e no
poder de Elias [...]” – Evangelho de Lucas 1:13 a 17.
Mas o anjo lhe
disse: “Não tenha medo, Maria; você foi agraciada por Deus! [...] Você ficará
grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de JESUS. Ele será
grande e será chamado Filho do Altíssimo. [...] Também Isabel, sua parenta,
terá um filho na velhice; aquela que diziam ser estéril já está em seu
sexto mês de gestação. – Evangelho de Lucas 1:30 a 38.
Na primeira anunciação
do Anjo Gabriel, notem que o Anjo afirma claramente que João Batista será
Elias reencarnado, o que foi confirmado pelo próprio Cristo em Mateus 17:1 a 13, como será mostrado mais à frente.
Destacamos aqui
que os evangelhos relacionam João Batista ao grande profeta Elias
desencarnado 900 anos antes sem haver qualquer registro de estranheza ou perplexidade
da parte dos apóstolos ou dos demais envolvidos sobre esse fato, isso é mais um
forte indício de que a reencarnação era algo compreendido e aceito à época
de Jesus, cujo conhecimento se perdeu ao longo da história, como analisamos
no mencionado post POR
QUE NÃO HÁ REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA?
Prosseguindo, o
Evangelho de Lucas cita que Maria Santíssima – grávida de Jesus, ao saber por
meio do Arcanjo Gabriel que a prima Isabel estava grávida de João Batista havia
seis meses, partiu para vê-la.
Isabel, ao ver
Maria chegando à sua casa “encheu-se do Espírito Santo”, o bebê João “agitou-se
ao ventre”, Maria também recitou poemas em êxtase e lá “ficou com Isabel cerca
de três meses e depois voltou para casa” (Lucas 1:41 a 56).
Considerando
que Isabel estava grávida de 6 meses e Maria Santíssima permaneceu com a prima mais
3 meses depois disso – o que daria 9 meses de gestação, podemos concluir que Maria
Santíssima, com Jesus Cristo ao ventre, esteve presente ao nascimento de João
Batista, o que é em si uma graça espiritual sem precedentes.
Ao nascimento
de João Batista, seu pai Zacarias, sacerdote judeu, perdeu a mudez que durou
toda a gestão de Isabel e recitou o famoso Benedictus ou Cântico de
Zacarias, o qual se tornou um dos três mais importantes cânticos
litúrgicos da Igreja Católica. Esse cântico ao nascimento de João é
considerado por estudiosos da Bíblia como o “cântico de união entre o Velho
e o Novo Testamento” face às suas citações que nos remetem a ambos os
livros sagrados.
Cumprindo fielmente
as profecias, Elias agora João Batista “cresceu e se fortaleceu em espírito e
foi viver no deserto” até chegar a sua hora de parecer publicamente em
Jerusalém (Lucas 1:80).
Por seu
comportamento austero e fervoroso, João logo foi identificado pelos judeus como
um profeta por excelência. Ele afirmava, sem qualquer contestação do povo, que era
a “voz que clama no deserto” (João
1:23) profetizada por Isaías 40:3, admoestava firmemente
o povo por seus pecados e assim “preparava os caminhos para o Senhor”:
Respondeu
João: "Eu batizo com água, mas entre vocês está alguém que vocês não
conhecem. [...] Ele é aquele que vem depois de mim, e não sou digno de
desamarrar as correias de suas sandálias". Evangelho de João 1:26 e 27.
João Batista
explicava ainda que não era Elias muito menos o Cristo, mas anunciava a Chegada
Dele.
João Batista
dizer que não era Elias pode ter muitas interpretações, pois o próprio
Cristo e os apóstolos o desmentiram nas escrituras:
Jesus
respondeu: "De fato, Elias vem e restaurará todas as coisas. Mas eu digo a
vocês: Elias já veio, e eles não o reconheceram [...]”. Então os
discípulos entenderam que era de João Batista que ele tinha falado. Evangelho
de Mateus 17:11 a 13.
Uma
justificativa para João negar que era Elias quando interpelado em público pelos
fariseus talvez seja por causa do alvoroço que essa confirmação pública traria,
o que desviaria a atenção do povo de Israel para o principal Advento: a Chegada
do Senhor.
Chegado o
momento, João Batista vê Jesus se aproximando e anuncia a Israel: “Eis o Cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo” (João
1:29).
João batiza
Jesus a pedido do próprio Senhor (Mateus 3:13 a 16) o qual assim
inicia a sua Divina Vida Pública. O Cristo torna-se Médium de Deus por
excelência, ao mesmo tempo em que João Batista entrega ao Senhor os Seus dois primeiros
apóstolos André e João (João 1:35 a
39).
A partir de
agora, enquanto Jesus brilha cada vez mais diante da humanidade, João Batista ele
mesmo se diminuía, explicando o porquê dessa atitude nas escrituras:
“É necessário
que Ele cresça e que eu diminua” – João Batista – João 3:30
E decididamente
João Batista sai de cena, culminando com a sua execução relutantemente
decretada por Herodes Antipas (Mateus
14:3 a 12).
Elias, que tantas
maravilhas realizou para combater o paganismo em Israel, na sua encarnação
seguinte como João Batista, nenhum milagre fez ou foi registrado. Mesmo assim, os
evangelhos deixam claro o profundo respeito e admiração que João Batista deixou
entre o povo judeu.
Não tivesse vinculado
o seu nome ao Cristo sendo o perfeito precursor Dele, João Batista seguramente
seria consagrado, ao invés de Malaquias, o último profeta do Antigo Testamento e um
dos maiores profetas do judaísmo.
Mas nem mesmo com
a sua desencarnação João Batista encerra a sua missão na Terra, há ainda mais
um belíssimo serviço a cumprir.
Na Transfiguração
do Monte Tabor (Mateus, 17:1
a 13), os apóstolos Pedro, Tiago e João (o evangelista) viram Jesus se
transformar, “sua face brilhou como o sol, e suas roupas se tornaram brancas
como a luz” (idem) e, de um lado e do outro do Senhor, apareceram Moisés e
Elias.
Após a
belíssima aparição, os apóstolos conversam e ali entendem claramente que João
Batista havia sido o profeta Elias (Ibidem).
Na sua última citação
no livro sagrado, João Batista/Elias serve de precioso instrumento da Terceira
Revelação, tanto por ser o maior registro do fenômeno da reencarnação na
Bíblia como também da vida espiritual, pois Moisés e Elias, desencarnados respectivamente
1500 anos e 900 anos antes do Cristo, ali estavam “vivos” com Jesus ainda encarnado
conversando com Ele normalmente (Ibidem), prova inequívoca de vida infinita abundante
além da vida física passageira.
Notem, mais uma
vez, que nenhum dos apóstolos demonstrou qualquer estranheza ou encheram o
Cristo de perguntas por Ele afirmar que Elias veio como João Batista, eles
trataram o assunto com naturalidade, mais uma prova inconteste de que a
reencarnação não era para eles uma novidade, muito pelo contrário.
3. JOÃO
BATISTA E A TERCEIRA REVELAÇÃO: DEUS E OS ESPÍRITOS
Ao término da
sua Encarnação Divina, o Cristo consola a humanidade (grifos nossos):
“Se me amais,
guardai os meus mandamentos; e Eu rogarei a meu Pai e Ele vos enviará outro
Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: O Espírito de
Verdade, [...] o Consolador, que é o Santo Espírito, [...] vos ensinará
todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito.” – Jesus –
Evangelho de João, 14:15 a 17 e 26.
Na fundação da
Terceira Revelação, ao término dos Prolegômenos de O
Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade apresenta-se em meio a
outros seres elevados orientando o Codificador da Doutrina na Divina Obra ainda
em andamento no planeta (grifos nossos):
“Ocupa-te,
cheio de zelo e perseverança, do trabalho que empreendeste com o nosso
concurso, pois esse trabalho é nosso. Nele pusemos as bases de um
novo edifício que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num
mesmo sentimento de amor e caridade. [...]
São João
Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, O Espírito da
Verdade, Sócrates, Platão, Fénelon, Franklin, Swedenborg, etc., etc.” – O
Livro dos Espíritos, Kardec, Allan, 1ª Ed., 1857.
Já no prefácio
de O
Evangelho Segundo o Espiritismo – A Divina Mensagem do Cristo para o homem
moderno, o Espírito de Verdade – Guia Espiritual do Codificador Allan Kardec
conforme o livro Obras Póstumas
– anuncia à humanidade (grifos nossos):
PREFÁCIO
“Os Espíritos
do Senhor, que são as virtudes dos Céus, qual imenso exército que se movimenta
ao receber as ordens do seu comando, espalham-se por toda a superfície da Terra
[...]. Eu vos digo, em verdade, que são chegados os tempos em que todas as
coisas hão de ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido, [...] O
ESPÍRITO DE VERDADE – O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nesse mesmo livro
sagrado moderno, no Cap VI – O Cristo Consolador, item 5, no título chamado “O
Advento do Espírito de Verdade”, o Espírito em questão dirige-se à humanidade
(grifos nossos):
Advento do
Espírito de Verdade
5. [...] O
Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos
incrédulos que acima deles reina a imutável verdade [...] Como um ceifeiro,
reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim,
todos vós que sofreis.” [...] Meu Pai não quer aniquilar a raça humana;
[...] Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias [...] para
deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu,
caem nos abismos do erro [...] – O Espírito de Verdade. (Paris, 1860.)
6. Venho
instruir e consolar os pobres deserdados[...] Eu, o Jardineiro divino, as
cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. [...] Estou convosco e meu
apóstolo vos instrui. [...] – O Espírito de Verdade. (Paris, 1861.)
7. Sou o grande
médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. [..] Vinde,
pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados
[...] – O Espírito de Verdade. (Bordeaux, 1861.)
Essas mensagens
do Espírito de Verdade fizeram muitos espíritas concluírem, com justa razão,
que o Espírito de Verdade seria o próprio Cristo, porém, com o auxílio de Chico
Xavier – um dos maiores apóstolos do Cristo na era moderna – o assunto pôde ser
esclarecido (grifos nossos):
1. O Espírito de Verdade seria o nome dado, de uma
forma geral, à Falange de Luz a serviço do Cristo no estabelecimento da
Terceira Revelação no planeta.
2. Porém, no caso específico do “Advento do
Espírito de Verdade” no livro O Evangelho Segundo o Espiritismo acima, as
mensagens ali psicografadas foram realmente do próprio Cristo.
3. Mas, de uma forma mais específica, o Espírito
de Verdade – Guia Espiritual de Allan Kardec – seria João Batista/Elias,
um dos maiores Espíritos da Falange de Luz a serviço da Terceira Revelação.
Aqui temos, então,
o excelso espírito de Elias/João Batista participando ativamente da fundação da
Terceira Revelação como o fez nas duas revelações anteriores, desta vez como um
dos líderes do esforço de trazer à humanidade as grandes verdades espirituais.
3. JOÃO
BATISTA: CONCLUSÃO
Ao término
desse post, concluímos João Batista como uma das maiores almas a serviço do
Cristo no planeta.
Ele reverteu a
mentalidade pagã do povo judeu na Primeira Revelação, na Segunda Revelação anunciou
o Senhor e depois “diminuiu-se” para não ser confundido com o próprio Cristo e por
fim guiou Allan Kardec na Terceira Revelação.
Podemos então,
assim como fazemos com excelsas almas que obraram ao lado do Cristo ao longo
dos tempos, orar, meditar nos seus exemplos, agradecer os esforços de João
Batista e sempre contar com ele na nossa caminhada através das Revelações rumo
ao nosso Amado Senhor Jesus Cristo.















Comentários
Postar um comentário