Ao término da primeira parte deste Tema – Que é Deus? –Parte I, concluímos que a resposta à primeira pergunta (P. 1) do Livro dos Espíritos (LE) tinha muito mais a ver com a nossa idade espiritual do que com a Grande Verdade em si, a qual somente será possível para nós compreendermos “Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria.” (Resposta à P. 11 do LE).
No encerramento
daquele post, perguntamos também se, após quase 170 anos do Advento do
Espiritismo – A Terceira Revelação, nós já poderíamos avançar um pouco mais em direção à
“Grande Porta” que a resposta à Primeira Pergunta abriu acerca do que é Deus.
Podemos aqui afirmar
seguramente que sim, porém, precisamos nos cercar de certos cuidados espirituais
antes de prosseguirmos.
PRECAUÇÕES
ESPIRITUAIS
A cada passo nas
Revelações, o qual resumimos no gráfico acima em nosso progressivo entendimento
do que é Deus, tivemos, durante as transições entre as revelações representadas
pelas setas no gráfico, uma enorme resistência de adeptos da Revelação
anterior, os quais se viam “detentores de toda a verdade”, e não apenas da
verdade que seus espíritos “obscurecidos pela matéria” podiam apreender.
Até hoje, quase
dois séculos após a apresentação da 3ª Revelação ao mundo, testemunhamos esse mesmo
fenômeno conosco no Espiritismo, o qual ainda enfrenta uma imensa resistência
para sedimentar os seus conhecimentos na humanidade.
Da mesma forma,
nós, adeptos da 3ª Revelação, se não libertarmos nossas mentes com as
ferramentas que o próprio Espiritismo nos concedeu, teremos a nossa vez de
“detentores ferrenhos de toda a verdade”, defendendo arduamente o que pensamos saber
e nos esquecendo de que somos, espiritualmente, crianças em desenvolvimento,
aprendendo passo a passo de acordo com a evolução das nossas capacidades
espirituais.
Se interpretarmos
as informações espíritas recebidas como algo rígido imutável no tempo e no
espaço, nós mesmos da Terceira Revelação nos tornaremos obstáculos para as
revelações seguintes, pois elas são degraus do sublime caminho ascendente que
nos desvela, gradual, amorosa e pedagogicamente, o que podemos e precisamos
saber a cada etapa do nosso desenvolvimento espiritual.
Assim,
compreendendo bem as resistências que tenderemos a ter quando avançarmos nas
revelações e trabalhando-as dentro de nós, sigamos em frente.
A CAMINHO DA
PRÓXIMA REVELAÇÃO
Em nosso
gráfico, percebemos que a evolução espiritual está nos aproximando do Senhor,
estamos cada vez mais perto Dele. Mas, até onde isso iria?
A própria Gênese
Bíblica nos dá uma excelente indicação. Segundo a impressionante psicografia
de Moisés, Deus disse no sexto dia da Criação:
"Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”
(Gênesis, 1:26).
Nessa
Declaração única, Moisés revela ao homem uma das mensagens mais profundas não
só para o Judaísmo, mas para todas as religiões do planeta. Quando Deus disse o
verbo “façamos”, Ele afirma que não estava sozinho na Criação do
Universo, havia outros Seres com Ele coparticipando da Criação.
E ao dizer “à
nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, Deus não só atesta que esses
Seres Cocriadores não diferem muito Dele mesmo, Ele afirma muito mais, declara
que nós mesmos somos como esses Seres!
E a Terceira
Revelação Espírita corrobora tudo isso.
Observemos o
que, em 1938, Emmanuel, o emérito Guia Espiritual de Chico Xavier, narra
no Capítulo Gênese Planetária do livro A Caminho da Luz acerca de Jesus,
nosso “irmão mais velho” segundo as informações espirituais (destaques nossos):
Rezam as
tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso
sistema, existe uma comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor
supremo do universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida
de todas as coletividades planetárias. [...]
Essa
comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros
divinos, [...]. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz (Coleção
Emmanuel) (pp. 13-14). FEB Editora. Edição do Kindle.
Nesse livro, Emmanuel
apresenta o Cristo como o Preservador, o Coordenador, o Preposto de Deus, o
Governador do planeta Terra.
Numa progressão
didática sutil e sublime, mais à frente, em 1953, o espírito de André
Luiz, ao explicar o Fluído Cósmico no livro Evolução em Dois Mundos, dá uma
revelação muito importante pouco comentada no movimento espírita (destaques
intratexto nosso):
Plasma
divino – O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou
força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem
constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano. [...]
Cocriação
em plano maior – Nessa substância original [o Plasma Divino],
ao influxo do próprio Senhor supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele
agregadas, em processo de comunhão indescritível, os
grandes devas da teologia hindu ou os arcanjos da interpretação
de variados templos religiosos, extraindo desse hálito espiritual os
celeiros da energia com que constroem os sistemas da imensidade, em
serviço de cocriação em plano maior [...]
Impérios
estelares – Devido à atuação desses arquitetos maiores, surgem
nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo
em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo [...]
Xavier, Francisco Cândido; Luiz (Espírito), André. Evolução em dois mundos
(Coleção A vida no mundo espiritual Livro 10) (p. 20). FEB Publisher. Edição do
Kindle.
Neste texto percebemos
que tanto a Gênese Mosaica quanto a descrição acima trataram do mesmo
assunto – A Criação, só que em níveis diferentes compatíveis com as
idades espirituais dos homens que recebiam as lições.
Assim, no citado
livro de André Luiz, 3.500 anos após a Gênese Mosaica, revela-se muito
mais sobre a Criação, ele esclarece que os “grandes devas da teologia hindu ou
os arcanjos” operam com Deus “em processo de comunhão indescritível”.
E como fomos
feitos “à imagem e semelhança” Deles, o nosso futuro é a cocriação do Universo,
num nível de comunhão com o próprio Deus que não podemos ainda conceber.
“Eu e o
Pai somos um” (João, 10:30)
“Jesus
lhes respondeu: "Não está escrito na Lei de vocês: 'Eu disse: Vocês são
deuses'? (João, 10:34)
O Cristo,
destemido face aos descrentes judeus, apresentou-Se diante da humanidade como “Um
com Deus” e reiterou usando os Salmos 82 que “somos deuses” também, todavia, o homem
daquela época recebeu muito mal todas aquelas sublimes revelações, as quais
estão levando eras para o homem assimilar.
Mas os
Instrutores Celestes estão sempre atentos para nos dar óbolos da Verdade sempre
que possível. No Livro dos Espíritos, eles nos deixaram caminhos sutis para
compreensão da nossa estreita relação com Deus.
Ao responderem:
1. Que é
Deus?
Resposta: “Deus
é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (LE)
Observamos, como
bem explicado no post precedente, que o Alto não disse tudo sobre Deus, mas O explicaram
empregando o maior atributo que poderíamos entender até aquele momento: a
inteligência.
Por outro lado,
ao definirem o espírito:
23. Que é
o espírito?
Resposta: “O
princípio inteligente do Universo.” (LE)
Eles explicam o
espírito exatamente com o mesmo atributo com que definiram o próprio Deus, porém,
num grau de princípio, de manifestação daquilo que Deus possui em grau supremo.
Reconhecendo de
antemão ser ainda difícil de aceitar em nosso estágio atual, todos os estudos mostrados
neste trabalho só nos permitem concluir que seríamos semelhantes a Deus,
somos “à imagem e semelhança” Dele, diferindo apenas no grau de manifestação
dos Seus Atributos Divinos.
Tal conclusão,
apesar das dificuldades de aceitação geral como já havíamos antecipado, por
outro lado, explica muita coisa, como a relação de Pai e Filho que Deus tem
conosco e de Jesus como irmão nosso, como Ele mesmo nos orientou.
Afinal, a
criança possui as características dos seus irmãos mais velhos e é uma miniatura
do seu próprio pai, em processo de desenvolvimento das qualidades que herdou Dele.
Somos os
primeiros a reconhecer que nada disso é fácil de se assimilar, porém, a Verdade
desconhece fronteiras ou crenças, Ela simplesmente É e se confirma em toda
parte, indiferente às nossas opiniões.
Assim,
precisamos confirmar se, além das bases espirituais mencionadas, não teríamos também
apoio às presentes conclusões além das nossas crenças cristãs dentre as
respeitadíssimas multimilenares religiões orientais, o que faremos no
post a seguir, onde concluiremos nossos estudos sobre esse importantíssimo tema
para as nossas vidas.











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