QUE É DEUS? - PARTE II

 

Ao término da primeira parte deste Tema – Que é Deus? –Parte I, concluímos que a resposta à primeira pergunta (P. 1) do Livro dos Espíritos (LE) tinha muito mais a ver com a nossa idade espiritual do que com a Grande Verdade em si, a qual somente será possível para nós compreendermos “Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria.” (Resposta à P. 11 do LE).

No encerramento daquele post, perguntamos também se, após quase 170 anos do Advento do Espiritismo –  A Terceira Revelação, nós já poderíamos avançar um pouco mais em direção à “Grande Porta” que a resposta à Primeira Pergunta abriu acerca do que é Deus.

Podemos aqui afirmar seguramente que sim, porém, precisamos nos cercar de certos cuidados espirituais antes de prosseguirmos.

PRECAUÇÕES ESPIRITUAIS

A cada passo nas Revelações, o qual resumimos no gráfico acima em nosso progressivo entendimento do que é Deus, tivemos, durante as transições entre as revelações representadas pelas setas no gráfico, uma enorme resistência de adeptos da Revelação anterior, os quais se viam “detentores de toda a verdade”, e não apenas da verdade que seus espíritos “obscurecidos pela matéria” podiam apreender.

Até hoje, quase dois séculos após a apresentação da 3ª Revelação ao mundo, testemunhamos esse mesmo fenômeno conosco no Espiritismo, o qual ainda enfrenta uma imensa resistência para sedimentar os seus conhecimentos na humanidade.

Da mesma forma, nós, adeptos da 3ª Revelação, se não libertarmos nossas mentes com as ferramentas que o próprio Espiritismo nos concedeu, teremos a nossa vez de “detentores ferrenhos de toda a verdade”, defendendo arduamente o que pensamos saber e nos esquecendo de que somos, espiritualmente, crianças em desenvolvimento, aprendendo passo a passo de acordo com a evolução das nossas capacidades espirituais.

Se interpretarmos as informações espíritas recebidas como algo rígido imutável no tempo e no espaço, nós mesmos da Terceira Revelação nos tornaremos obstáculos para as revelações seguintes, pois elas são degraus do sublime caminho ascendente que nos desvela, gradual, amorosa e pedagogicamente, o que podemos e precisamos saber a cada etapa do nosso desenvolvimento espiritual.

Assim, compreendendo bem as resistências que tenderemos a ter quando avançarmos nas revelações e trabalhando-as dentro de nós, sigamos em frente.

A CAMINHO DA PRÓXIMA REVELAÇÃO

Em nosso gráfico, percebemos que a evolução espiritual está nos aproximando do Senhor, estamos cada vez mais perto Dele. Mas, até onde isso iria?

A própria Gênese Bíblica nos dá uma excelente indicação. Segundo a impressionante psicografia de Moisés, Deus disse no sexto dia da Criação:  "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (Gênesis, 1:26).

Nessa Declaração única, Moisés revela ao homem uma das mensagens mais profundas não só para o Judaísmo, mas para todas as religiões do planeta. Quando Deus disse o verbo “façamos”, Ele afirma que não estava sozinho na Criação do Universo, havia outros Seres com Ele coparticipando da Criação.

E ao dizer “à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, Deus não só atesta que esses Seres Cocriadores não diferem muito Dele mesmo, Ele afirma muito mais, declara que nós mesmos somos como esses Seres!

E a Terceira Revelação Espírita corrobora tudo isso.

Observemos o que, em 1938, Emmanuel, o emérito Guia Espiritual de Chico Xavier, narra no Capítulo Gênese Planetária do livro A Caminho da Luz acerca de Jesus, nosso “irmão mais velho” segundo as informações espirituais (destaques nossos):

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor supremo do universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. [...]

Essa comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, [...]. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz (Coleção Emmanuel) (pp. 13-14). FEB Editora. Edição do Kindle.

Nesse livro, Emmanuel apresenta o Cristo como o Preservador, o Coordenador, o Preposto de Deus, o Governador do planeta Terra.

Numa progressão didática sutil e sublime, mais à frente, em 1953, o espírito de André Luiz, ao explicar o Fluído Cósmico no livro Evolução em Dois Mundos, dá uma revelação muito importante pouco comentada no movimento espírita (destaques intratexto nosso):

Plasma divino – O fluido cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano. [...]

Cocriação em plano maior – Nessa substância original [o Plasma Divino], ao influxo do próprio Senhor supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível, os grandes devas da teologia hindu ou os arcanjos da interpretação de variados templos religiosos, extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da imensidade, em serviço de cocriação em plano maior [...]

Impérios estelaresDevido à atuação desses arquitetos maiores, surgem nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragaláticas como imensos domínios do Universo [...] Xavier, Francisco Cândido; Luiz (Espírito), André. Evolução em dois mundos (Coleção A vida no mundo espiritual Livro 10) (p. 20). FEB Publisher. Edição do Kindle.

Neste texto percebemos que tanto a Gênese Mosaica quanto a descrição acima trataram do mesmo assunto – A Criação, só que em níveis diferentes compatíveis com as idades espirituais dos homens que recebiam as lições.

Assim, no citado livro de André Luiz, 3.500 anos após a Gênese Mosaica, revela-se muito mais sobre a Criação, ele esclarece que os “grandes devas da teologia hindu ou os arcanjos” operam com Deus “em processo de comunhão indescritível”.

E como fomos feitos “à imagem e semelhança” Deles, o nosso futuro é a cocriação do Universo, num nível de comunhão com o próprio Deus que não podemos ainda conceber.

Eu e o Pai somos um (João, 10:30)

“Jesus lhes respondeu: "Não está escrito na Lei de vocês: 'Eu disse: Vocês são deuses'? (João, 10:34)

O Cristo, destemido face aos descrentes judeus, apresentou-Se diante da humanidade como “Um com Deus” e reiterou usando os Salmos 82 que “somos deuses” também, todavia, o homem daquela época recebeu muito mal todas aquelas sublimes revelações, as quais estão levando eras para o homem assimilar.

Mas os Instrutores Celestes estão sempre atentos para nos dar óbolos da Verdade sempre que possível. No Livro dos Espíritos, eles nos deixaram caminhos sutis para compreensão da nossa estreita relação com Deus.

Ao responderem:

1. Que é Deus?

Resposta: “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (LE)

Observamos, como bem explicado no post precedente, que o Alto não disse tudo sobre Deus, mas O explicaram empregando o maior atributo que poderíamos entender até aquele momento: a inteligência.

Por outro lado, ao definirem o espírito:

23. Que é o espírito?

Resposta: “O princípio inteligente do Universo.” (LE)

Eles explicam o espírito exatamente com o mesmo atributo com que definiram o próprio Deus, porém, num grau de princípio, de manifestação daquilo que Deus possui em grau supremo.

Reconhecendo de antemão ser ainda difícil de aceitar em nosso estágio atual, todos os estudos mostrados neste trabalho só nos permitem concluir que seríamos semelhantes a Deus, somos “à imagem e semelhança” Dele, diferindo apenas no grau de manifestação dos Seus Atributos Divinos.

Tal conclusão, apesar das dificuldades de aceitação geral como já havíamos antecipado, por outro lado, explica muita coisa, como a relação de Pai e Filho que Deus tem conosco e de Jesus como irmão nosso, como Ele mesmo nos orientou.

Afinal, a criança possui as características dos seus irmãos mais velhos e é uma miniatura do seu próprio pai, em processo de desenvolvimento das qualidades que herdou Dele.

Somos os primeiros a reconhecer que nada disso é fácil de se assimilar, porém, a Verdade desconhece fronteiras ou crenças, Ela simplesmente É e se confirma em toda parte, indiferente às nossas opiniões.

Assim, precisamos confirmar se, além das bases espirituais mencionadas, não teríamos também apoio às presentes conclusões além das nossas crenças cristãs dentre as respeitadíssimas multimilenares religiões orientais, o que faremos no post a seguir, onde concluiremos nossos estudos sobre esse importantíssimo tema para as nossas vidas.




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