Prosseguindo em nossos estudos sobre as primeiras perguntas e respostas do Livro dos Espíritos, daremos neste post mais um passo abordando, sempre cuidadosamente, mais uma importantíssima pergunta apresentada por Allan Kardec aos Seres de Luz.
Primeiramente,
precisamos destacar que entrevistas com a Ordem Superior de tal amplitude e
riqueza de informações, como aquelas compiladas no Livro dos Espíritos, são raríssimas
na história da humanidade, e só seria possível se Kardec, ele mesmo, fosse
integrante dessa Falange de Seres Elevados, mergulhado temporariamente no plano
material para estabelecer uma Ponte de Luz e Sabedoria entre os Planos Superiores
e a Terra.
Esse fato pode ser confirmado por meio do relato do Espírito de Irmão X/Chico Xavier no livro Cartas e Crônicas onde, na comunicação intitulada Kardec e Napoleão, há uma descrição detalhada da envergadura espiritual de Kardec antes da sua encarnação, bem como da importância desse evento para os destinos do planeta.
Além disso,
como concluímos na trilogia de posts QUE É DEUS,
o Alto não nos respondeu a Verdade Absoluta, mas aquilo que poderíamos assimilar
em nosso atual estado de desenvolvimento mental e espiritual, como um pai
usando simplificações, artifícios e imagens para explicar assuntos complexos
para uma criança.
Com essas considerações
básicas em mente, prossigamos.
Retomando a
Pergunta e a Resposta Magnas,
1. Que
é Deus?
“Deus é a inteligência
suprema, causa primária de todas as coisas.” (Livro dos
Espíritos, P.1)
Havíamos
comentado nos posts da trilogia mencionada, que o natural seria Kardec continuar
perguntando a partir daquela resposta celeste, a qual não fecha o assunto, mas antes
enseja uma série de dúvidas, como por exemplo o que eles entendem como “Inteligência”,
como interpretar o termo “causa primária”, etc.
Kardec, porém, não
segue nessa direção, ele parece dar-se por satisfeito e dá até a impressão de
mudar de assunto:
2.
Que se deve entender por infinito?
“O que não
tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é
infinito.” (Livro dos Espíritos, P.2)
Por que Kardec
fez essa pergunta?
Em primeiro lugar, era necessário dar destaque, tempo e espaço para a assimilação espiritual da Primeira Pergunta e Resposta, cuja profundidade e sabedoria proporcionam amplas reflexões e estudos que registramos nos posts da trilogia mencionada.
Em segundo
lugar, nada no Livro dos Espíritos é casual. O livro, enfatizamos, é um
Interlóquio de Luz, uma lavoura de sabedoria celeste na qual muitas
vezes foram semeados ensinamentos para que desabrochassem na posteridade,
quando a humanidade, mais amadurecida em espírito, pudesse ter melhores “olhos
de ver”.
E hoje, podemos
“ver” mais alguma coisa na segunda pergunta? Senão vejamos.
O que podemos atualmente entender sobre o infinito? Observem o exemplo abaixo:
Na geometria
básica, um segmento (parte) de reta é um conjunto de infinitos pontos,
porém, se formos cortando-o pela metade como na animação acima, o que resta
continua sendo um segmento de reta feito de infinitos pontos!
Podemos prosseguir subdividindo a reta acima até o infinito, que a geometria afirma que a ínfima parte de reta que restar continuará sendo composta dos mesmos infinitos pontos! Outro exemplo:
Para se obter o comprimento de qualquer circunferência a partir do seu raio, a equação é C = 2.π.R, porém, a conta simplesmente “não fecha”, está incompleta, ela apenas dá uma aproximação representada pelo número π (Pi),que é uma sequência de números que prosseguem até o infinito, não termina nunca, condenando um simples círculo a uma eterna imprecisão matemática se usarmos o seu dado básico – o raio – para deduzirmos as suas características. Último exemplo:
A geometria
também afirma que a superfície de uma esfera é composta de infinitos pontos,
porém, não importa se a esfera é do tamanho de uma minúscula bolinha de gude ou
da descomunal estrela UY Scuti – 6,5 quatrilhões de vezes maior que a própria
Terra, ambas esferas seriam compostas do mesmo número infinito de pontos!
Todos esses e muitos outros paradoxos que enfrentamos diante do infinito nos leva a uma conclusão bem simples: a inteligência humana não é capaz de entender o infinito.
Não é o
infinito que não existe, é o homem que não consegue compreendê-lo no atual
estágio evolutivo e isso não é de se admirar, afinal, assim como um macaco não
pode assimilar princípios básicos como o da eletricidade, o homem não pode
pretender compreender, com a sua atual capacidade intelectual, todos os
fenômenos que regem o Universo.
Por isso Kardec,
sendo ele mesmo professor de Matemática e Física dentre várias outras matérias,
e portanto bastante conhecedor dos limites que o infinito impõe ao entendimento
humano, fez questão de tratar desse assunto.
Ele usou o
infinito para chegar bem no limite da capacidade intelectual humana, e os
Espíritos, confirmando que o homem realmente não poderia ir além dali, afirmam
taxativos: o infinito é “o desconhecido”.
Apoiado nessa
resposta, Kardec retoma então o Assunto Principal:
3.
Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito?
“Definição
incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que
está acima da linguagem dos homens.” (Livro dos Espíritos, P.3)
Com duas
perguntas e respostas bem simples, Kardec, em parceria com os Espíritos de Luz,
nos mostram que Deus está além até mesmo do infinito que não conseguimos assimilar;
que a nossa inteligência ou razão, ferramenta tão útil para solucionar nossos
problemas mais próximos, se mostra insuficiente para se compreender Deus, talvez
seja até inadequada para tal, por isso a ciência moderna dificilmente logrará descobrir
Deus, pois trabalha basicamente com uma ferramenta imprópria para a tarefa.
A essa altura,
precisamos recapitular que, nos posts da trilogia QUE É DEUS, havíamos
concluído que os Seres de Luz definiram Deus como “Inteligência Suprema”
e o espírito como “princípio inteligente”, por ser a INTELIGÊNCIA
a característica mais elevada que o homem entende possuir, o maior trunfo
evolucionário que ele pode compreender com facilidade.
Mas seria a
inteligência ou razão recurso suficiente para se compreender Deus? Se a razão
humana não consegue entender o infinito, poderia ela entender Deus que está ainda
além disso?
A razão ou a inteligência nos legaram incontáveis benefícios, porém, se nos fiarmos somente nelas, concluímos que esbarraremos num limite de onde não conseguiremos mais prosseguir rumo à Grande Verdade.
Como Moisés no Êxodo
dos judeus, a inteligência libertou o homem da escravidão da ignorância e o conduziu
pelo deserto das provações até a fronteira da Terra Prometida - Deus, mas não
pode entrar nela, só lhe é permitido apenas apontar a direção para que o homem possa
continuar a partir dali por outros meios.
E quais seriam os
outros meios?
“Bem-aventurados
os puros de coração, pois verão a Deus.” (Mateus 5:8)
Jesus nos aponta
o Caminho para compreender Deus e não nos indica qualquer outro: a pureza de
sentimentos, o Amor.
Todas as
grandes almas que encarnaram na Terra em todos os tempos são igualmente unânimes
em declarar que só se pode conhecer Deus por meio desse recurso e nenhum outro,
recurso esse tão acessível a qualquer homem em todas as latitudes do planeta,
independente de credo, raça, ou capacidade intelectual: o Amor.
“Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (1 João 4:7-8)
Assim, o Amor é
o Caminho após a longa jornada que percorremos com o intelecto, no Amor romperemos
os últimos grilhões da ignorância e atingiremos tudo, a Inteligência Suprema, a
Causa Primária de todas as coisas, o infinito e todos os Segredos do Universo.












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